Friday, September 09, 2005


Vamos, finalmente, ao segundo post desse blog...
Estive pensando em tantas coisas nesta semana, mas vou escrever sobre algo que me chamou a atenção. Não se esqueçam do que eu escrevi no post passado: que este bolg servirá para "descarregar" pensamentos, reflexões e teorias acerca de temas diversos... então hoje o tema é ralmente diverso e, para muitos, não fará sentido algum. Vamos lá.

Semana passada fui fazer a trilha da Costa da Lagoa da Conceição, que dura cerca de 1:30, aqui em Floripa. Quem conhece sabe o quanto todo o percurso é mágico e o quanto a natureza realmente abençoou esta Ilha. Quem não conhece, fica aqui a sugestão. No caminho deparamo-nos com várias pessoas, inclusive famílias. Fiquei "de cara" com a quantidade de crianças cansadas no meio do trajeto, rabugentas, choramingando, etc. Outras completamente descoordenadas, inclusive batendo o meu record neste quesito.

Um menino com cerca de uns 7 ou 8 anos, ou seja, bem na fase que deveria estar no auge da atividade e energia, um verdadeiro "espoleta", passou grande parte da trilha reclamando que estava cansado, na metade ele sentou, começou a chorar e fez toda a sua família parar (e provavelmente cancelar o passeio já que não os vi mais) por estar cansado. Uma guria de uns 10 ou 11 anos, com o corpo e saúde perfeitos, também estava reclamando e o pai resolveu lhe dar uma vara de bambu, para ela se apoiar durante a caminhada e não cansar tanto. Detalhe, a avó desta garotinha também fazia a trilha sem nenhuma espécie de auxílio, curtindo a natureza, com um sorriso lindo no rosto.

Estive pensando que esta deve ser a "geração computador". Nada contra os adventos da tecnologia, ao contrário, tanto profissionalmente, quanto pessoalmente elas me fazem um bem tremendo. O lance está em como tirar proveito da tecnologia e não a deixar "se aproveitar de você". A Internet nos permite inúmeras coisas, entre elas conhecer lugares, pessoas e culturas diversas, mas de que isso adianta se não conhecemos o próprio lugar em que vivemos? Se não conhecemos o cheiro da terra molhada, do ar no meio do mato, a sensação gostosa de pisar na areia ou na lama, o prazer oriundo de um mergulho no mar?

Foi muito triste ver tudo aquilo. Deu-me ainda mais saudades da minha infância nos anos 80, para muitos a última infância feliz. Naquele tempo brincávamos no pátio, corríamos soltos, nosso ídolos eram a Xuxa e seus similares, Trem da Alegria, Balão Mágico, Abelhudos. Não que fossem muito, digamos, "construtivos", mas pelo menos não queríamos imitar a Tiazinha, a Carla Perez, cantar os funks da vida com suas letras nada inocentes (nada contra o funk, mas para pessoas da nossa idade, né?). As meninas não queriam imitar as adolescentes. Não usavam salto (se as mães dessas pobres crianças soubessem o mal que fazem para a saúde das filhas presenteando-as com sapatos deste tipo e cada vez mais altos, certamente não o fariam) nem maquiagem (a não ser na brincadeira)... e ainda assim estavam lindas, femininas, como verdadeiras bonecas... sem ser adultas. Enfim, como crianças lindas e saudáveis. Sei que falei agora somente sobre meninas, é por conhecimento de causa, mas acredito que com os guris deva acontecer o mesmo... ou não?

Pois bem, o fato é que me bateu uma tristeza imensa ao ver aquelas crianças. Com certeza não quero isso para os meus filhos. Vou ensiná-los a aproveitar ao máximo todas as ferramentas criadas pelo homem para "melhorar" e facilitar a nossa vida. Mas, de coração, não quero que eles fiquem presos à elas. E isso dependerá também das outras crianças, porque o meio também influencia muito a personalidade. Portanto, quem ler isto aqui, por favor, reflita a respeito.

Ah, mas essa semana aconteceu uma coisa que me deixou muito feliz. Estava comprando uns livros na livraria Siciliano, do shopping, e uma menina bem pobre (vide as roupas que usava), entrou e perguntou ao vendedor se tinha que pagar para sentar nos almofadões da loja. Ele disse que não. Então ela foi até a porta e chamou os amigos. Nenhum quis acompanhá-la, queriam ir para a rua. Ela então foi até a lanchonete na frente, comprou um Baconzitos e voltou à livraria... pegou um livro infantil, sentou nos almofadões e ficou lá lendo e aproveitando as horas de maneira produtiva. Isso não é lindo? Ela poderia ter ido brincar na rua com todos os amigos, mas decidiu ler. Me apaixonei por ela. De certa forma isso ajudou a aquietar meus pensamentos e a ter fé nas gerações futuras... me ajudou a crer que "nem tudo está perdido"... hehehe

Mas tudo bem... na real tenho que me preocupar com isso só daqui uns sete anos quando, já bem posicionada profissionalmente, eu der início à minha prole (que deverá ser grande). Até lá fico aqui imaginado coisas... e teorizando a respeito de outras também . ;)

Nesta foto eu tinha uns 2 aninhos. Hedinha brincando ao ar livre com sua bola, num dos inúmeros acampamentos de trailler (depois motor-home) da minha vida... que infância boa! Como escreveu Casimiro de Abreu, em Meus Oito Anos: "Oh que saudades da aurora da minha vida, da minha infância querida que os anos não trazem mais".

Beijocasss :***

4 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Heda!

Quer dizer que resolveu fazer uma trilha né!?!Sabe que da próxima vez em que eu visitar a Ilha vou te pentelhar pra me levar lá ein!

Ah, e avisa quando vier pra gente fazer umas trilhas por aqui. Sem frescura ein...

Beijos e parabéns pelo Blog

9:34 PM  
Anonymous Anonymous said...

Nostalgia... anos 80... melhor de todos! Não, não houve melhor infância do que a nossa! A última infância bem vivida e melhor aproveitada, com certeza! É de se assustar certas atitudes de mulheres-crianças de hoje em dia...

Hedinha, esta foto traduz muito a minha infância também... Acho que até pelas cores reveladas que eram diferentes :) tudo era muito diferente! Dá uma saudade! E, por enquanto que não tenho filhos (nem sobrinhos, afilhados...) não preciso nem quero imaginar e me preocupar tanto onde isso vai parar...

UMA BEIJOCA, LINDÍSSIMA! PARABÉNS PELO BLOG... ATUALIZA MAIS, VAI.... :D

AMO TE...

5:38 AM  
Blogger Juju said...

Heda Maria, a nossa infância foi boa mesmo. Eu não queria ser criança agora, o q iria ver na tv? Q músicas cantar? Q coreografias imitar? Eu sei q há coisas legais ainda...mas a maioria influencia, o q seus amigos gostam e acompanham também. Tá certo q a Xuxa era uma porcaria, mas a gente tinha "ídolos" da nossa geração que eram crianças também, agiam como crianças e tal. Hoje, eu nem sei...
P.S.: olha o pensamento da pessoa num domingo à noite.

7:32 PM  
Anonymous Anonymous said...

Essa é a minha amigona Heda... coração grande, engraçada, uma mulher forte e, ao mesmo tempo, sensível!
Qdo li o texto imaginei tu chegando aqui na sala e relatando o fato... dá pra rir e chorar (principalmetne na parte da livraria). Eu tbém tenho fé q as coisas ainda podem ser revertidas.
Q menininha mais fofa, deu vontade de dar uma mordidaaaa naquelas penocas!
Beijocas alemoa verdadeira! ;)

9:53 AM  

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